O cérebro humano é um órgão bem complexo. Cerca de 97% da sua atividade
ocorre abaixo da linha do que chamamos de consciência. O que significa que
mesmo que assumamos que controlamos o que pensamos, sentimos e fazemos -
as descobertas científicas dizem que não é assim tão simples.
O conceito de neuroplasticidade é uma área bastante interessante da neurociência:
enfatiza que o nosso cérebro está constantemente a mudar de forma durante as
nossas vidas pelas nossas experiências e pensamentos.
Sabemos, hoje em dia, que é o foco da nossa atenção que determina quais redes
neuronais são reforçadas e quais são enfraquecidas ou simplesmente deixadas
para trás. Isso significa que quando somos apanhados em ciclos de preocupação ou
irritabilidade, estas são as ligações cerebrais que se fortalecem: quanto mais nos
preocupamos, melhores ficamos na arte da preocupação!
No entanto, no outro lado da moeda, se investirmos na prática da calma, foco e
clareza, estas ligações também se reforçam.
Quando tomamos consciência dos nossos pensamentos, nós notamos o quanto
eles se repetem. E quando pensamos, também sentimos. As nossas crenças são
convicções, são as nossas verdades absolutas e inquestionáveis, que têm
pensamentos associados e um estado emocional. Nestes nossos diálogos internos,
muitas dessas verdades vêm carregadas de críticas que se tornam bloqueios e nos
impedem de potenciar o nosso ser.
E enquanto que os nossos pensamentos são apenas eventos mentais e não factos
reais, as emoções estão a acontecer no momento e a dar força aos pensamentos.
Se nos sentimos desconfortáveis por algum motivo, vamos começar a ter
pensamentos e emoções desagradáveis ao que está a acontecer. Aí começa a
ansiedade a vir, preocupações face ao futuro, angústias face ao passado,
ruminando sobre pensamentos negativos que parecem não ter fim.
Parar, notar e agir em sintonia com a mudança tem tendência a trazer saúde
emocional, mental, física. Também melhora a qualidade das relações amorosas,
familiares, profissionais. E fazendo este processo, e aos poucos, trazendo uma dose
de curiosidade, outra de bondade para consigo própria, discernimento sobre as
vozes críticas. São práticas benéficas que lhe trarão um aumento da sua qualidade
de vida.
Por Rosa Pires, Psicóloga Clínica com base em Mindfulness e Psicotraumatologia,
Mestre em Neurociências. Embaixadora Master do Clube Mulheres de Negócios de
Portugal e Coordenadora do Comitê de Saúde Emocional do Clube.
Comments