Depois de algumas semanas sem postar aqui no blog, a dica hoje é um filme indiano recente que está disponível no catálogo da Netflix e que vai mexer com seus sentimentos e despertar boas reflexões.
Dirigido e roteirizado pela já reconhecida diretora de Bollywood Ashima Chibber, Uma Mãe Contra um País (título original: Mrs Chatterjee vs Norway) conta a história de uma mãe indiana, imigrante na Noruega, que tem seus filhos tomados pelo Estado norueguês, por ser considerada uma mãe não apta para educar as crianças. As alegações contra a mulher envolviam desde “dar comida com as mãos”, "pintar o rosto dos filhos com kohl", “dormir na mesma cama com eles”, até outras tantas diferenças culturais apontadas pelos nórdicos como “falhas” de educação.
A #violência #doméstica sofrida por Debika Chatterjee (Rani Mukerji), no entanto, não foi levada em consideração. O Estado norueguês parecendo só se preocupar mesmo com “o bem-estar"das crianças.
O filme, que é baseado na autobiografia de Sagarika Bhattacharya, vai acompanhar, então, a luta dessa mãe para recuperar os dois filhos, Shubha, diagnosticado dentro do espectro autista, e Suchi, de 5 meses, ainda sendo amamentada. Uma batalha longa e sofrida, que chega à esfera diplomática e que só termina depois de percorrer várias instâncias, em solos norueguês e indiano, durante cerca de dois anos.
Estamos aqui obviamente diante de um dramalhão daqueles, com todos os exageros que o gênero impõe, mas que, aos poucos, vai nos envolvendo de tal maneira, que acabamos por nos emocionar bastante com essa história (real) tão absurda!
Filmado de maneira clássica, com toques bollywoodianos (trechos de músicas inteiras, embora curtas e sem danças acompanhando), Uma Mãe Contra um País não traz novidades estéticas, porém, apresenta temas extremamente atuais, importantes para serem pensados e repensados. Entre eles, a #imigração, a #xenofobia, o #machismo e ainda um tema que choca bastante, principalmente por acontecer na Noruega, país considerado “desenvolvido” pelos nossos olhos ocidentais: a existência de um esquema organizado para tirar crianças de imigrantes e colocá-las para adoção por famílias norueguesas.
O país escandinavo já fez, no entanto, suas ressalvas quanto à veracidade da história apresentada no filme de #Ashima Chibber. Ao mesmo tempo em que Sagarika Bhattacharya – real protagonista da trama – afirma que a vida pós-tribunal foi ainda mais dura do que a apresentada no longa, já que teve que sustentar sozinha os dois filhos, ajudando também nos cuidados com os pais idosos.
Uma história que nos leva a pensar até que ponto um país pode exigir a adequação de seus imigrantes ou refugiados. Uma linha tênue que se torna cada vez mais importante de ser discutida.
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